A motivação em postar mais algumas reflexões sobre corpo, dança e proxêmica, veio de uma aula de Dança de Salão (DS) em que eu e a professora Lidiani ouvimos de uma aluna (no caso a Débora) a sonora frase: eu queria melhorar o meu corpo.
A partir daí a aula já estava encaminhada num assunto que,
"haja manga pra tanto pano"... Aula esta que teve direito a continuação na Cantina do Vinho e nas caronas até a casa de cada um.
Então, com base na sonora frase da Débora foram inevitáveis algumas reflexões. Que corpo é esse que ela quer melhorar? Eu posso melhorar um corpo? Melhorar em quê?
Bem, nessa aula (de Dança de Salão, mais especificamente de Samba de Gafieira) apontamos dois possíveis caminhos para alcançar tais expectativas, o
corpo externo (o corpo que aparece e sabe que é observado e visto) e o
corpo interno (aquele que sente e se relaciona com o parceiro). Acabamos por escolher este último.
Ao dançar com alguém (lembrando que estamos falando de DS, mas poderíamos talvez estender para o contato e improviso) estamos mantendo contato com ela, seja na distância íntima (ver Proxêmica) com o contato corporal e até mesmo em outras distâncias, através de gestos, fala e olhares.
Esse alguém é de carne e sonho, e desprezar seus sentimentos, suas angústias, sua expressividade e suas necessidades é jogar a dança no lixo. E para entender o corpo do outro é preciso
"penetrá-lo".Quando danço com alguém eu sempre penso em
"penetrar" parte do meu corpo nessa pessoa. E é claro que é preciso deixar de lado a malícia da palavra, porque o
fator penetrante da dança diz respeito a dividir os mesmos espaços, e claro, dividir emoções. Se a matemática da DS diz que 1 + 1 = 1, posso ainda arriscar que, para mim 1 + 1 = 1,5. Sendo que 0,5 é o
fator penetrante da dança, é a parte que temos em comum, o restante é parte da individualidade de cada um.
Esse conteúdo nada mais é do que o desenrolar daquilo que o Luiz e a Catarina já haviam falado há tempo. Eu sou um corpo que ao entrar em contato com outro me modifico para poder entendê-lo. Mas como vou fazer isso?
Eu sinto e é fácil de qualquer pessoa perceber isso. Por exemplo, quando você abraça uma pessoa e esta te recebe com suas articulações dos braços e coluna bloqueadas. Por mais que tu venhas com todo o amor do mundo é impossível
"penetrar" nessa pessoa, dessa forma é impossível conhecê-la, impossível dividir emoções. Entretanto ao soltar um pouco mais as articulações (principalmente rombóide e coluna) ao abraçar alguém de mesma intenção, seja para dançar ou não. acontece uma
interpenetração, uma troca de sensações.
Portanto ao meu ver, para melhorar o corpo interno na DS, é preciso entender e aplicar o
fator penetrante da dança.
Aí me pergunto, se melhorar meu corpo interno, será que é preciso melhorar meu corpo externo?
Um grande beijo para todos que comentam e em especial para minha linda Cacá, sem ela, essas reflexões não sairiam do mundo das idéias!